sábado, 18 de dezembro de 2010

Férias escolares

Mais um ano escolar se foi. As aulas do Gabriel terminaram há duas semanas e por isso ele tem ficado mais em casa. Como se não bastasse se encerraram também as aulas de futebol, de música e também entramos no recesso da terapia. Como ele fica em casa com a Mônica, haja criatividade para mantê-lo ocupado. Mesmo descendo pra brincar na quadra, ele parece não gastar energia suficiente, o que tem alterado um pouco seu comportamento. Está mais desafiador, desobediente e agitado. Junto com o nosso cansaço de final de ano e a ansiedade pra chegar as férias só pode resultar em conflitos diários. A gente tem se esforçado na estratégia do bom comportamento pra merecer o presente do Papai Noel ou em ganhar os adesivos do Diego Go, mas nada tem funcionado. Torço para que quando entrarmos de férias também esses comportamentos e conflitos diminuam.

Por falar no final das aulas, sentirei saudade da equipe de professoras que cuidaram do Gabriel esse ano. A professora Ana Maria enfrentou com sucesso o desafio de cuidar do Gabriel e ajudá-lo nas suas dificuldades. A Camila que pelo segundo ano  o acompanhou (sempre com muito carinho) em sala de aula e no parquinho e teve a oportunidade de ver a mudança do seu comportamento de 2009 (quando não tínhamos o diagnóstico) pra 2010. Ela mais do que ninguém viu a transformação do Gabriel. Sou muito grata pela dedicação, carinho e paciência diários que elas tiveram. Espero que no ano que vem a gente possa contar com profissionais dedicadas e atenciosas como elas. Esse ano foi bem diferente do ano passado, sentia diariamente que meu filho estava sendo aceito e cuidado. Antes do diagnóstico éramos chamados quase todas as semanas para conversamos com a coordenadora. Eu saía chorando da escola quase que diariamente, por que sempre havia um relato de mau comportamento ou agressividade. Lembro que ele faltava muito, porque para mim às vezes era melhor deixá-lo em casa, assim eu evitaria esse sofrimento. Em 2010, ele quase não faltou. Seu portfólio ficou linnndo e não tem espaço de tarefas não cumpridas. Seu desenvolvimento dentro de sala foi considerado bom pela professora. Mesmo chegando atrasado todos os dias ele conseguiu acompanhar o ritmo dos colegas, às vezes sendo até mais rápido que eles em atividades que tem interesse. O legal é que ele está começando a ler. Às vezes acho que ele decorou as palavras e até lê por similaridade, mas é um bom começo pro ano que vem, já que será alfabetizado. Os conflitos físicos com outros colegas foram bem escassos, o que nos faz acreditar que a conduta das professoras foram fundamentais. O "não bater de frente" foi uma estratégia bem executada pela Ana Maria, que teve que ceder muitas vezes, mas que mais contribuiu do que o inverso. Outros aspectos como a fala, diálogos com sentido, expressão de pensamentos e sentimentos ainda precisam ser muito trabalhados. Mas em relação a esses sei que o trabalho será para toda vida e dependerá muito mais da família e da convivência com outras crianças do que propriamente da escola. O que é simples para as crianças neurotípicas, leva muito mais tempo para aqueles dentro do espectro do autismo. Precisamos ajudá-lo a se relacionar, a começar uma conversação, a ter comportamentos sociais adequados.  Mas estou pronta para isso. Que venham os velhos e novos desafios.