quinta-feira, 29 de abril de 2010

Mais uma receita que fez sucesso

A semana que passou experimentamos uma nova receita do livro da Claudia para uma das coisas que o Gabriel não pode ouvir falar que já quer logo comer: Panqueca. Fizemos panqueca de arroz. O Gustavo não se amarrou. Já era de esperar já que ele tá acostumado com a receita do vovô Homero, que realmente é uma delícia.  Mas o que me deixou feliz foi ver o sorriso do Gabriel segurando um panquequinha na mão, sem notar nenhuma diferença no sabor. Foi demais!



Os dedos agradecem


Há uns 2 anos o Gabriel começou com o hábito de roer as unhas. Na época lembro que estávamos com uma conduta mais rígida e intolerante em relação a certos comportamentos como bater, beliscar ou gritar, pois até então não tínhamos a menor idéia sobre o autismo. Achávamos que esse comportamento estava acontecendo por falta de limites. Lembro que no meio da nossa investigação para encontrar explicações para isso, fomos a uma neuropediatra que concluiu que seu problema se resumia em problemas educacionais e que faltava limites mesmo e reforçou a necessidade de sermos mais firmes em nossa conduta. Nem preciso dizer que foi exatamente isso o que aconteceu. Não tolerávamos nem uma mudança no tom de voz. Se gritasse então, a casa caía. Bater ou beliscar virou um crime inafiançável, sem direito a ver seu DVD preferido ou ir para o computador. Tudo que ele mais gostava era retirado diante de um mau comportamento. A pressão foi grande. Esprememos a fruta até não dar mais suco. Resultado: ele acabava se autopunindo roendo suas unhas e dedos. Por orientação da psicopedagoga decidimos afrouxar mais e ignorar algumas coisas e em seguida isso logo diminuiu, mas ao longo do tempo nunca zerou de fato. Fiquei radiante por começar a cortar as unhas, já que agora estavam finalmente crescendo. Sentia o maior prazer em tirar aquela sujeira preta debaixo da unha. Meio nojento né? Mas se tinha sujeira era porque havia uma unha crescida e isso pra mim era um sinal de que a compulsão havia melhorado. Em março desse ano a compulsão voltou pra valer. Na consulta com a homeopata que palestrou na conferência, ele não conseguia se controlar. Dava nervoso de ver. Ela prescreveu um remédio homepático que na primeira semana não mostrou resultado positivo, pelo contrário, só piorou.  Resistimos e esperamos mais uma semana e nada. Dobramos a concentração da medicação e começou a diminuir mas ainda acontecia. Apesar da frequência ter diminuído a intensidade aumentou. Chegava a ver marcas de sangue em camisas e calças de tão machucados. Ele roía as unhas e tirava a pele dos dedos até sangrar. Uma vez quando fui pegá-lo na escola me assustei com a quantidade de sangue no uniforme. Pensei até que tinha brigado com algum coleguinha, mas era por vários cortes nos dedos por mordida. Então na quarta semana, triplicamos a concentração e aguardamos. Para nossa alegria as coisas melhoraram. Hoje, ele me mostrou as duas mãos e falou: - Mamãe, tá quase todo mundo (os dedos) bom, só falta esse aqui, disse apontando para o polegar, que ainda está bem machucado e que é o único que ele ainda mordisca. Os outros nove estão se recuperando bem e já estão com aquela pelezinha nova e fininha. Parece que acertamos na dose. VIVA a homeopatia!!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dia de festa

Hoje estamos comemorando os 50 anos de Brasília. Com muita animação e acima de tudo DISPOSIÇÃO levamos o Gabriel, Marília (minha afilhada) e sua irmã Luiza para ver a Parada Disney. Olha, foi um sufoco! Muita gente, muito calor e haja força para colocar a meninada nos ombros para ver melhor o desfile. Eu e Gustavo nos revezamos nessa tarefa. Apesar disso, foi muito bom ver quando o Gabriel enlouqueceu ao ver o Buzz, personagem do filme Toy Story. Sua felicidade ao vê-lo foi demais. Valeu todo esforço. Viu também a Branca de Neve, Mickey e sua turma, Sininho, Tico e Teco, Capitão Gancho, Piratas do Caribe e as bruxas malvadas de todos os filmes.  Ele se comportou muito bem. Ao lado de outras crianças seu comportamento é excelente. Apesar de ter ficado decepcionado por não comer picolé de chocolate (seu velho hábito), quando entrou no carro apagou e dormiu até chegar em casa, não só ele, mas as meninas também. Acho que a gente deu uma canseira na meninada hein? Foi muito bom pra gente curtir um tempinho em família e homenagearmos essa cidade que me presenteou com várias coisas: primeiro, foi aqui que conheci o Gustavo (e lá se vão 12 anos),  e segundo, foi aqui que o Gabriel nasceu e está crescendo. Ou seja, Brasília fez e faz parte do melhor que tenho em minha vida: minha pequena-grande família. Por isso, meus parabéns à essa cidade que, mesmo estando numa situação política conturbada, merece nosso respeito e consideração. Dá uma olhada nas fotos. Do auge ao cansaço no final.






Outro motivo pra gente comemorar é o aniversário da Luiza, que fez 7 anos hoje. Ela é uma amiga especial do Gabriel. Ele tem um carinho enorme por ela. Não podem se ver, que não se desgrudam. É lindo ver os dois juntos. Ontem cantamos parabéns pra ela e o Gabriel dormiu pela primeira vez na sua casa e se comportou muito bem. Deu uma choradinha antes de dormir, mas nada de anormal. Ainda bem que a Marília o consolou e logo ele pegou no sono. O importante foi que obedeceu direitinho e a experiência de conviver com outras crianças é muito benéfica. Com a noite livre, eu e Gustavo pudemos nos divertir com alguns amigos. A gente merece né?
Hoje também é o aniversário da vovó Solange, que mesmo distante fisicamente está muito presente na vida do Gabriel. Ela é uma vovó muito amada por nós e sentimos muito a sua falta por não vivermos na mesma cidade. Parabéns minha querida sogra. Obrigada por toda sua ajuda desde o nascimento do Gabriel até os dias de hoje. Somos muito gratos por tudo. Você é o nosso AMOR, você é a nossa PAIXÃO, é nosso pedaço de... Beijos candangos pra você!




terça-feira, 20 de abril de 2010

Resultado do sorteio

Gente, vocês não vão acreditar!!! Lembram do sorteio que eu estava concorrendo? (ver o post Autismo é tratável) Hoje saiu o resultado e não é que eu fui sorteada!!!!! Dá uma olhada no sorteio, assim vocês podem conhecer o Lu. Tô muito feliz, ainda mais por poder presentear a Marilza. Liguei pra ela assim que soube do resultado e ela ficou tão emocionada!!! Disse que ia contar pra todo mundo, ainda mais porque ela queria muito o livro. Então Marilza o livro é seu!!! Com direito a dedicatória da Claudia Marcelino, da Luiza, Karla e do Lu. Que chique hein Marilza!!! Você merece amiga!!! Espero que ele seja tão útil para você quanto está sendo para mim.
Queria parabenizar a Karla e Luiza pela iniciativa. Meninas vocês são ótimas e muito criativas!!! Continuarei visitando o blog de vocês e conhecendo mais sobre o Lu. Aliás, adorei ouvir ele dizendo meu nome e batendo palmas. Um beijo grande nesse menino!!! Quem sabe um dia o Gabriel possa conhecê-lo, afinal, Uberaba e Brasília não são tão longe. Será uma farra.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A energia que contagia




Hoje foi um dia interessante e cheio de emoções. Gabriel acordou bem, tomou seus remédios (2 em jejum), colocou seu uniforme, tomou sua vitamina, escovou seus dentes numa boa e foi para a escola. Maravilha! Combinei com ele de levá-lo pra cortar o cabelo caso ele se comportasse. Pois é, para quem não sabia essa tarefa é um dos grandes prazeres dele. Adooora cortar o cabelo. Tanto que no mesmo dia que corta, põe a mão e diz: Mamãe o cabelo já cresceu, tem que cortar de novo! Isso tudo tem um motivo: o salão tem um video game para distrair o cliente enquanto dá um trato no visual. Como ele de bobo não tem nada, aproveita cada minuto entre as tesouradas na juba. É uma diversão. O duro é tirar depois. Dá um show. O Marcos já sabe do "the end" e finge que o CD do jogo tá com problema ou dá outra desculpa qualquer, porque meus argumentos não servem. Bem, ele chegou do colégio, tirou o uniforme, almoçou tudo e escovou os dentes como nunca. Tudo parecia até cronometrado de tão redondo. Fomos em direção ao salão e o acesso à rua estava interditada, por um caminhão da CEB e eu tinha que dar uma volta por outro caminho. Ele então começou a gritar e chorar achando que eu tinha desistido. Isso acontece comumente quando se planeja algo e de repente precisa ser mudado. Os autistas tem fixação por trajetos para determinado lugar e não admitem improvisos ou mudanças repentinas na programação. Tanto que a antecipação é uma grande aliada nossa. Tudo o que formos fazer devemos antecipar. Isso dá conforto e tranquilidade aos autistas, pois as coisas estão sob seu domínio e seu conhecimento. E é também uma grande vilã porque em situações como essa não havia explicação que coubesse. Não adiantou explicar, pois nessa hora parece que fica surdo e não entende nada do que falamos. Dei uma volta na quadra, enquanto isso ele foi chorando até que se acalmou. Cheguei no prédio comercial e percebi que todas as lojas estavam no escuro. Já imaginei a cena na minha cabeça e não deu outra, o salão estava fechado, e com isso não tinha video game também. Como o imaginado, não aceitou de bom grado e tive que fingir ir embora com o carro pra ele poder se convencer de que não adiantava ficar ali. Consegui com muito custo colocar o cinto de segurança e ir pra casa. É claro que ir pra casa não estava nos planos dele, então foi mais um motivo de chutes e beliscões.  Eu disse que estava triste por ele não ter cortado o cabelo também, mas acredito que por não entender a situação, ele me culpava, porque falava repetidamente que não gostava de mim. Ele, atualmente, tem usado essa frase quando está bravo com alguém. Quando chegou em casa jogou tudo que achava no chão e bateu algumas vezes a porta do seu quarto. Fui pro meu quarto e ignorei. Fingi que estava dormindo quando ele entrou e vi que ele se surpreendeu por eu estar indiferente. Então parou com seu ataque de raiva. Falei que ia dar todos os dvds e a bicicleta, afinal ele tinha jogado tudo no chão. Para minha surpresa ele falou que não era pra eu dar porque ele mesmo iria guardar. Coisa boa! Progressos acontecendo. Percebo que dando um tempo pra ele se acalmar "a ficha cai" e ele se dá conta da bobagem que fez. Depois disso fui pro computador para forçar uma negociação. Ele disse que queria brincar também e eu falei que ele poderia brincar somente depois de tomar banho e se arrumar para ir pra psicoterapia. E não é que deu certo de novo.  Obedeceu e ganhou 10 minutos no computador. Dei o marcador no relógio para o final do tempo e ele na hora combinada desligou o computador sozinho. Ufa! Fomos civilizadamente para o consultório da Cíntia, sem reclamações e choro. Deu tudo certo. Fez seu programa direitinho e com louvor. Pensei: fora o salão apagado, tudo estava correndo bem. Fomos pegar o Gustavo no trabalho, que havia combinado de comer um churrasquinho com amigos, no final do expediente. Fomos juntos. Gabriel comeu um espetinho de carne (que por sinal estava muito bom). Daí veio a péssima idéia de dar guaraná, pois ele estava com sede e o seu suco havia acabado. Pronto, tudo desandou. O comportamento se alterou. Começou a chutar, beliscar e a puxar meu cabelo. Infeliz aquele que criou o guaraná com todos os seus corantes e conservantes. Chegou em casa dormindo, mas não totalmente. Para nosso espanto ele começou a gritar coisas desconexas e a esmurrar a parede. Fiquei assustada. Quanto mais a gente falava mais ele ficava alterado. Pois é gente, isso serviu pra nos mostrar uma coisa: a dieta inadequada é uma gatilho crucial dos comportamentos indesejáveis. Serviu pra nos convencermos de que precisamos ser firmes na dieta natural e orgânica. Caso contrário vamos ter essas surpresinhas rodando nossas vidas. Infelizmente o slogan do refrigerante brasileiro me contagiou mesmo, mas não como eu gostaria. Sobrou pro Guaraná. Até mais.

sábado, 17 de abril de 2010

Nossa semana

Essa semana quase não postei porque as coisas estão bem agitadas por aqui. O comportamento do Gabriel não tem ajudado e ainda por cima está gripado e febril. Já esperava isso, já que não tem se alimentado direito. Nunca sente fome. Só faz alguma refeição se "ganhar" algo: ou assistir um filme ou ir na locadora enfim qualquer coisa que ele goste muito, caso contrário fica sem comer. Tá complicado porque uma coisa leva a outra. Se não se alimenta não fica bom e se está doente não tem apetite. Está tossindo bastante e não consigo dar um xarope fitoterápico porque ele vomita tudo. O que salva é água, suco, vitamina C e olhe lá. Estou fazendo nebulização com soro e parece que não melhora. Continua tossindo e com febre. A agressividade está dando sinais de aumento. Agora até por motivo nenhum ele vem e bate. Quando confrontado ele vai pro quarto e bate a porta com força. Isso já tinha melhorado, mas voltou com força total. O portal está ficando quebrado com o impacto das batidas. Acredito que os vizinhos não devem entender nada, mas no final da noite as batidas acontecem como se marcadas no relógio. Todo dia, no mesmo horário. A orientação da Cíntia é ignorar. Peço que orem para Deus me dar mais paciência, pois tem comportamentos difíceis de ignorar.

Na quarta, levei o Gabriel para consulta com a Dra Tatiana, uma amiga odontopediatra. Foi consulta de rotina e para ver o tal dente que está "mole". Foi cansativa por vários motivos. Primeiro não quis escovar os dentes antes da consulta, fugiu e corri atrás até alcançá-lo, ganhei alguns arranhões e beliscões por isso. Não o convenci a escovar espontaneamente, foi à força mesmo. Eu e uma auxiliar nos ajudamos na imobilização para permitir a visualização dos dentes. Não houve conversa ou brinquedo que o convencesse a sentar na cadeira e abrir a boca. Prometi dar outro Lego do Star Wars e nada. Prometi deixar ele ir pro computador e foi inútil. Prometi levá-lo na locadora depois da consulta e também não deu certo. Agora ele já se deu conta do processo de negociação e quando ele vê que estamos querendo que ele faça algo em troca, ele vai dizendo: não quero mesmo. Eu posso com isso? Por isso as técnicas a La Super Nanny não davam e continuam não dando certo. Até a Cíntia diz que está cada vez mais difícil negociar com ele também. Imagine ela como psicóloga está achando isso, imagina euzinha. No final das contas, a Tati conseguiu examinar e aplicar flúor. Menos mal. Saí de lá toda suada por fazer tanta força. Como odontopediatra fico tranquila por saber que isso não tramautiza, mas tenho receio de com o passar dos anos, com ele maior e mais forte, não consigamos imobilizá-lo. Só a chegada da maturidade é que realmente fará diferença. O que eu não entendo é que ele foi crescendo e achando ruim ir ao dentista sem sequer ter tido uma experiência ruim, como dor ou desconforto. Até porque não tem nenhum problema como cárie por exemplo (e se tivesse não me perdoaria) Mas enfim tem coisas que não conseguimos explicar. Com a concordância da Tia Tati (já que conseguiu examinar e aplicar flúor) passamos na locadora e ele pegou dois filmes: Shrek 3 e Toy Story. Pediu pipoca, mas ainda não achei milho orgânico, se alguém souber nos avise, estamos à procura. Sei que existe, mas ainda não descobri onde vende.

Para finalizar coloco fotos da época áurea do Gabriel onde ir ao dentista era algo divertido e atraente. Fofo, não acham?





terça-feira, 13 de abril de 2010

O Autismo é tratável

Essa é a frase está presente em minha mente todos os dias.  Alguns dias mais outros menos, mas quando deito e durmo penso nela invariavelmente.  Ela funciona como base da nossa abordagem de tratamento com o Gabriel. Não lembro a primeira vez que a li, mas sei de alguém que a usa como sua bandeira de vida: Ela se chama Claudia Marcelino. Desde o conhecimento do diagnóstico do Gabriel, comecei a conhecer um pouco sobre a sua história de vida e de seu trabalho ativo em compartilhar suas experiências com outras mães. Estou lendo seu livro "Autismo Esperança pela Nutrição - Histórias de Vida, Lutas, Conquistas e Muito Ensinamentos" e estou encantada com sua força e determinação. Nele também pode se encontrar receitas compatíveis com autistas, celíacos, alérgicos, intolerantes e adeptos de uma dieta sem glúten e sem leite (DSGSC). Os celíacos e intolerantes devem adquirir esse livro, porque tem receita de tudo e pra todos os gostos. Ontem  já colocamos em prática uma das receitas que veio em hora bem apropriada: uma fase (fase?) de inapetência do Gabriel (ver post anterior). Adorei e já vi outras que estou ansiosa para fazer. Hoje vi num blog, que costumo visitar sempre, que há um sorteio desse livro, para quem comentar o post e escrever Autismo é tratável. O endereço é http://blog.agencialumini.com/2010/04/08/autismo-esperanca-pela-nutricao/ Estou concorrendo também, mas se eu for sorteada o livro já tem dona: vai para minha querida amiga e meu exemplo: Marilza, mãe de Ana Clara, de 5 anos, autista. Ela tem sido minha consultora diária e um ombro amigo para todas horas e todos os assuntos. A você, Marilza, meu muito obrigada por estar ao meu lado e doando um pouco do seu tempo precioso para mim e para meu filho. Obrigada pela sua generosidade e simplicidade. Depois de 12 anos de amizade, sinto que estamos mais próximas do que nunca. Agradeço a Deus por isso. Estou devendo um post falando dela ainda. Tô torcendo pra você ganhar o livro, viu?
E como esse blog trata de um RECOMEÇO, nada melhor ter ferramentas úteis e facilitadoras nessa fase. Obrigada Claudia por essas ferramentas. Aí está a foto do seu livro.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O McDonalds é aqui!!!

Depois de um final de semana meio difícil, em que o Gabriel não quis comer nos horários determinados, hoje a coisa começou a voltar ao normal. Mesmo não comendo conosco no almoço raspou o prato logo em seguida e depois de uma manha fomos à terapia. Na saída, como sempre, bateu a fome pois já eram 18h e comecei a escutar uma conversa:

- Papai, como eu me comportei vamos no McDonalds!

A resposta da Erica foi:

- Que tal o Subway?

E a minha foi:

- Que tal comermos em casa?

E lá viemos nós ouvindo alguém reclamar de fome a viagem toda. No caminho sugeri de fazermos um lanche estilo lanchonete. E não é que a ideia foi boa!!! Erica pegou uma receita de hambúrguer caseiro e em 20 minutos lá estávamos nós colocando os disquinhos de carne no grill (eu amo o George Foreman Grill)!!! Em cinco minutos o Gabriel saía do banho de um lado e eu corria para servir um cheeseburger salada feito em casa do outro!! Sinceramente? Estava melhor que qualquer um que comi recentemente. Para ficar melhor ainda precisava de cebola roxa. Sábado que vem, se estiver menos sonado na minha segunda ida de madrugada ao CEASA, vou comprar a dita cuja!!!

Mas sabem quem gostou mesmo? Lembram daquele menino que deu trabalho para comer o final de semana todo? Pois é, ele mandou dois sanduíches para a pança e usou todos os adjetivos que conhece para dizer que estavam uma delícia.

Pensem em Pais satisfeitos!!! Menino feliz, de barriga cheia, comendo hambúrguer grelhado, feito em casa, acompanhado de alface e tomates orgânicos!!!

E como comeu tudinho, ganhou 25 minutos na internet e foi dormir sem nenhuma dificuldade!!! Acho que dá para ficar comemorando aqui a noite inteira!!

Mérito para a Mamãe que agora tira receitas fantásticas de sua última aquisição que é o livro Autismo, Esperança pela Nutrição da Claudia Marcelino. Os celíacos e Pais de autistas certamente vão adorar a inventividade desta moça!!

sábado, 10 de abril de 2010

Saiu no jornal


Achei interessante essa reportagem do dia 03/04/2010 do Jornal do Brasil e queria compartilhar com vocês. Fala sobre a abordagem que estamos colocando em prática com o Gabriel. Pode ajudar vocês a entenderem o porquê da mudança na alimentação dele por exemplo. Tem também uma entrevista com a homeopata que atendeu o Gabriel na conferência que aconteceu aqui em Brasília. Ela fala da sua experiência com seus 2 filhos autistas e da negação da medicina tradicional. É um pouco extensa, mas vale a pena pelo caráter esclarecedor. Espero que gostem.




Projeto pode colocar o Brasil na vanguarda da luta contra o autismo

Paulo Marcio Vaz , Jornal do Brasil

BRASÍLIA - Um projeto de lei prestes a tramitar no Senado poderá colocar o Brasil na vanguarda da luta contra o autismo. O texto, elaborado por diversas entidades ligadas à causa, prevê a criação do Sistema Nacional Integrado de Atendimento à Pessoa Autista. Se aprovada, a legislação será uma das primeiras no mundo a priorizar o autismo como caso de saúde pública em nível nacional, incluindo a capacitação de profissionais de saúde, a criação de centros de atendimento especializado e a inclusão do autista no hall das pessoas portadoras de deficiência, além de criar um cadastro nacional. No Brasil não há dados oficiais sobre a quantidade de portadores da síndrome, considerada epidêmica nos EUA.
Um acordo feito no âmbito da Comissão de Direitos Humanos do Senado garante a relatoria ao senador Paulo Paim (PT-RS), que, de antemão, já garantiu parecer favorável à aprovação do texto.
– A abordagem será suprapartidária e espero que o projeto tramite já este mês – diz Paim.
Drama
O drama pelo qual passam os pais de autistas, na maioria das vezes sem diagnóstico precoce e tratamento adequado para seus filhos, não é uma exclusividade brasileira. Recentes descobertas de um grupo de médicos e bioquímicos americanos, todos eles pais de autistas, têm causado polêmica e espantado uma parte da comunidade científica mais tradicional, a partir de evidências de que, ao contrário do que se pensava, o autismo não seria um mero transtorno mental, mas resultado de uma grave intoxicação, seja pela ingestão de alimentos contaminados com agrotóxicos, ou mesmo por substâncias químicas, incluindo metais pesados, que podem entrar no organismo das crianças por meio de diversos fatores, incluindo pelo uso de determinados medicamentos.
A nova abordagem a respeito do autismo assombra a indústria farmacêutica e divide a opinião de profissionais de saúde.
Semana passada, numa conferência em Brasília, médicos e cientistas brasileiros e americanos foram praticamente unânimes ao reforçar a nova tese. Segundo eles, os autistas têm muita dificuldade de eliminar toxinas do organismo, e a situação seria agravada por uma disfunção gastrointestinal que facilita a absorção de toxinas pelo intestino, fazendo com que as mesmas entrem na corrente sanguínea e cheguem ao cérebro, o que justificaria o comportamento autístico.
Boa notícia
A boa notícia é que a nova abordagem diagnóstica levou a novos tipos de tratamentos, de caráter multidisciplinar, e que vêm obtendo resultados bastante animadores. A terapia é baseada em dietas alimentares específicas, prática de terapias comportamentais, suplementação vitamínica e fortalecimento da flora intestinal. Como resultado, muitas crianças que antes sequer olhavam nos olhos dos pais, ou mesmo pareciam ser surdas devido à total falta de interação com o mundo, hoje conseguem falar, olhar nos olhos e demonstrar afeto. A adoção de tratamentos baseados neste novo tipo de abordagem está prevista no projeto de lei que chegará ao Senado.
Lado sombrio
O médico brasileiro Eduardo Almeida, doutor em saúde coletiva pela Uerj e um dos que se empenham nas novas pesquisas sobre a síndrome, considera o autismo “o lado sombrio da medicina acadêmica” e defendeu, durante sua palestra em Brasília, mudanças radicais na forma como a medicina tradicional aborda a questão.
– Estamos numa espécie de encruzilhada da medicina alopática – analisou Almeida.
O professor emérito de química e bioquímica da Universidade de Kentucky (EUA) Boyd Haley também defende a tese segundo a qual o autismo tem muito a ver com uma intoxicação por substâncias como os metais pesados, principalmente o mercúrio. Durante a conferência, ele apresentou estudos feitos nos EUA que reforçam a tese.
Abordagem holística traz melhora a crianças
Em geral, médicos e outros profissionais de saúde que aderem às novas teses sobre diagnóstico e tratamento de autismo são pais de crianças que sofrem da síndrome. Ao não encontrarem solução na medicina tradicional, eles iniciam pesquisas por conta própria, e formam grupos cada vez mais coesos que defendem abordagens holísticas, incorporando ao tratamento aspectos da biomedicina e medicina ortomolecular, além de terapias comportamentais, dietas restritivas e a administração de suplementos.
A dentista Josélia Louback, 38 anos, mãe de um menino autista de 6, comemora as conquistas do filho. Segundo ela, Arthur só começou a melhorar depois do novo tratamento.
– Ele teve ganhos de concentração e melhorou muito seu comportamento – garante.
Nos exames de seu filho foram encontradas grandes quantidades de metais pesados como cádmio, alumínio e bismuto. Aflita também com a possibilidade de contaminação da criança por mercúrio (por não ser excretado, o metal não é detectado nos exames), Josélia teme que os anos em que passou manipulando a substância em seu consultório, confeccionando amálgama dentário, tenham contribuído para a contaminação de seu filho.
A bióloga Eloah Antunes, presidente da Associação em Defesa do Autista (www.adefa.com.br), também vê melhoras significativas em seu filho, Luan, de 8 anos. Eloah foi uma das pioneiras na adoção dos novos tratamentos relacionados ao autismo. O diagnóstico da síndrome foi dado por ela mesma – posteriormente confirmado por um pediatra – depois que vários médicos descartaram a possibilidade.
– Infelizmente, a medicina acadêmica ainda sabe pouco a respeito do autismo. – reclama Eloah. – Aprendi muito sobre a síndrome pela internet, mantendo contato com profissionais nos EUA, pais de autistas que também se rebelaram contra os médicos tradicionais de lá. (P.M.V.)
“A dieta correta significa 60% da recuperação”
A analista de sistemas equatoriana Andrea Lalama jamais havia pensado em ser homeopata. Radicada nos Estados Unidos, ela se casou e teve dois filhos, ambos autistas. A falta de médicos capazes de tratar adequadamente seu primeiro filho a fez se inscrever num curso de homeopatia e pesquisar, praticamente por conta própria, uma forma eficaz de tratamento. Hoje, aos 8 anos, seu filho mais velho apresenta traços mínimos do espectro autista, e a mais nova é considerada uma criança normal. Andrea agora vive rodeada por pais de autistas, muitos deles médicos, que buscam sua consultoria. A homeopata é uma das vozes mais ativas dos Estados Unidos em prol da adoção e do reconhecimento dos novos diagnósticos e tratamentos para o autismo que, segundo ela, a medicina tradicional se recusa a reconhecer.
Como estão seus filhos?
Estão muito bem. Meu segundo filho não tem mais traços de autismo. Meu primeiro tem alguns traços, mas são mínimos. Ele vai à escola regular e leva uma vida praticamente normal. Tentando ajudar meu primeiro filho, tive que estudar muito e me tornei homeopata. Até hoje, costumo ir a muitos seminários sobre medicina ortomolecular e energética, medicina tradicional chinesa, enfim, qualquer tipo de medicina integrativa e alternativa. Com isso, acabei absorvendo o que era útil. Cada terapia tem um pouco a oferecer, e se você combina tudo isso, faz o que eu chamo de abordagem holística. Foi isso que ajudou meus filhos.
Qual o papel da alimentação na recuperação?
Uma dieta correta representa 60% da recuperação do autista. Mas há regras nutricionais muito específicas, pois é preciso reparar as disfunções gastrointestinais presentes nas crianças.
Quais os pontos mais importantes da dieta?
A alimentação orgânica é imprescindível, e a preparação dos alimentos também tem de ser especial. Se não houver uma preparação adequada, toxinas entrarão no organismo e causarão mais sintomas de autismo. O intestino do autista é bastante poroso e transfere essas toxinas para a corrente sanguínea, fazendo-as chegar ao cérebro. Para prevenir isso, até que você consiga fortalecer as paredes intestinais, é preciso reduzir a toxidade. Outro fator importante é que as crianças autistas não digerem bem os alimentos, pois têm carência de enzimas. Então, a comida deve ser pré-digerida.
Então, há um componente de alergia alimentar relacionado ao autismo?
O autista tem um intestino poroso. Portanto, praticamente tudo o que eles ingerem vai para o sangue. Numa criança normal, isso não acontece. Alguns protocolos recomendam remover a comida das crianças e a substituir por cápsulas contendo enzimas, probióticos, vitaminas e coisas do gênero. Não digo que está errado, mas eu não apoio esse procedimento, porque Deus não criou cápsulas, mas comida limpa e orgânica para ser bem preparada. Se seguirmos as regras, podemos reparar as disfunções gastrointestinais. Por causa da comida industrializada e de elementos químicos presentes em diversas substâncias artificiais, os autistas estão 100% intoxicados.
Há algum tipo de retardo mental no autista?
Não há retardo mental, há intoxicação. Os autistas têm uma enorme deficiência para se livrar dessas intoxicações, se intoxicam mais rápido do que se desintoxicam.
Os médicos tradicionais concordam com essa tese?
Um médico que jamais esteve numa conferência sobre autismo dirá que somos loucos. Eles só dizem que o autismo é causado por uma disfunção cerebral. Mas já provamos a verdade.
Então, há uma briga entre os defensores de sua tese e os médicos tradicionais?
Não há briga. Há negação. As fundações e comunidades ligadas ao autismo nos EUA já convidaram a American Medical Association (Associação Médica Americana) para sentar à mesa conosco e ver as evidências. Eles se recusaram. É uma verdade inconveniente dizer que as toxinas que desencadeiam o autismo nas crianças vêm da comida e de vacinas, por exemplo, porque alimentos e drogas são duas instituições que geram muito dinheiro. Como o governo vai apoiar a ideia de frear essa indústria?
Quando há muita discordância entre profissionais de saúde, não há o risco de surgirem oportunistas com supostas soluções milagrosas?
Os pais têm que ser céticos em relação a tudo o que lhes dizem. Mas é obrigação deles sentar em casa e pesquisar. Hoje, ir à internet é mais fácil do que ir à livraria, e você encontra provas de que as crianças estão intoxicadas. Temos provas científicas das disfunções gastrointestinais nos autistas. Se seu filho se comporta como autista e um médico diz que ele está bem, desafie-o a provar. Faça testes de laboratório, examine a microflora intestinal e veja se está tudo bem. Exames de sangue mostram que ele está doente. Exames do fio de cabelo podem comprovar a intoxicação. Quem diz que a análise do fio de cabelo não é segura está mentindo. Seria como dizer que não existe genética.
Mas por que os médicos tradicionais não aceitam essas evidências?
Nos EUA, muitos médicos tradicionais são orgulhosos e egoístas. Quando são desafiados e confrontados com questões que não sabem responder, eles atacam. Quem realmente acha que é bom médico não deve temer. Os médicos da comunidade autista estão dispostos a conversar, os médicos tradicionais não. Eles não querem saber, não retornam nossas ligações, não aceitam as novas evidências e não têm filhos autistas.
Universidades brasileiras começam a fazer pesquisas
Duas universidades brasileiras realizam pesquisas focadas, respectivamente, nos indícios de alergia alimentar e na intoxicação por metais, que, segundo especialistas americanos, teriam conexão com a incidência de autismo.
Em Niterói, a Universidade Federal Fluminense (UFF) vai verificar se realmente há ligação entre a síndrome e a intoxicação por metais pesados. Já a Universidade de Brasília (UnB) aproveita um estudo sobre doença celíaca para observar se há prevalência da intolerância ao glúten entre autistas.
A pesquisa feita em Niterói faz parte da tese de mestrado da biomédica Mariel Mendes, que conta com uma equipe multidisciplinar formada por nutricionista, psicóloga e farmacêutico. A universidade disponibilizará exames completos e atendimento gratuito a crianças, que estão sendo cadastradas.
– A pesquisa visa comprovar não só a ligação entre autismo e a intoxicação por metais pesados, mas também a eficácia dos novos tratamentos propostos – afirma a psicóloga Sandra Cerqueira, que faz parte da equipe sob orientação do doutor em farmacologia e toxicologia da UFF Luiz Querino.
Em Brasília, o pediatra e professor titular da UnB Ícaro Batista quer, em sua tese de doutorado, comprovar a prevalência da doença celíaca (intolerância ao glúten) em crianças autistas. Segundo ele, na literatura médica já há menção a um maior número de ocorrência da doença em autistas, mas faltariam pesquisas mais aprofundadas comprovando esta associação.

Perguntas surgindo...

 
Gabriel não pode ver uma placa de sinalização de entrada ou saída que começa a tecer seus comentários e perguntas. 
- Mamãe aqui é a entrada e ali, a saída. E repete várias vezes sua nova constatação. Quando não acha a entrada: - Mamãe aqui é a saída, cadê a entrada? E fica procurando até achar. O ruim é que as vezes não achamos a placa de entrada daí já viu, ele fica meio triste.
Outras vezes fala: - A entrada é pra entrar e a saída é pra sair né mamãe? (morro de rir quando ele diz isso) - Pode entrar pela saída? E pode sair pela entrada?


Outra fase que está começando é a do POR QUE. Geralmente acontece lá pelos 3 ou 4 anos e essa semana finalmente ele começou a fazer os famosos questionamentos que exigem da gente um pouco de conhecimento e imaginação. As vezes essas perguntas me dão um nó na cabeça, mas sinceramente adoraria ter uma coleção deles há muito tempo.


Uma teoria

Continuando o post anterior, os dias continuam  estressantes. Já notei que quando o dia começa com dificuldades, o resto acompanha. Na terça, quarta e quinta, iniciamos o dia agitadamente. Gabriel deu trabalho pra tudo: tomar remédio (ele tem que tomar um em jejum), vestir o uniforme da escola, tomar café e escovar os dentes. Esse ritual todo leva mais ou menos 1 hora e meia, as vezes até 2 horas. Todos os dias ele chega atrasado na escola. Ainda bem que todos do colégio entendem e sabem dos nossos motivos. A orientação da Cíntia é levar tudo na conversa e evitar situações de enfrentamento, porque geralmente acaba em embate físico. Realmente isso requer muito equilíbrio de mim e nem sempre consigo. Na quinta dei o remédio à força porque já tinha gastado toda minha imaginação e nada de convencer, como resultado levei uns arranhões de lembrança. O remédio realmente é ruim. Tentei no copo, na colherzinha própria para remédio, com adoçante enfim de todos os jeitos e acho que na sexta acertei, dei com uma seringas direto na garganta. E parece que deu certo. Na sexta parece que acordou outra pessoa. Concordou em fazer tudo rapidinho e sem contrariar, uma maravilha. No fim do dia no happy hour fomos a um restaurante/bar perto de casa. Ficamos apreensivos porque na brinquedoteca tem video game (Wii, ele adora!) e não sabíamos como ele reagiria, já que aqui em casa é difícil dele aceitar a hora de desligar. Nos surpreendemos. Dividiu, revezou com as outras crianças e aceitou numa boa a hora de ir embora. Mas como disse antes, o dia começou com tudo dando certo. Acho que essa teoria faz sentido. Como esses dias foram conturbados até desmarquei a consulta que ele tinha na odontopediatra e remarquei pra semana que vem. Ele tem outro dente que está mole e precisaremos tirá-lo, mas, definitivamente, ele só irá se o dia começar tranquilo.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Dia difícil

Ontem foi um dia difícil. Começou com o Gabriel não querendo sua vitamina matinal (fruta e leite). Não teve quem ou o quê fizesse ele tomar. Saiu de casa sem comer nada. Quando fui buscá-lo na escola vi que não lanchou também. Fico aflita por ele não ter apetite. Parece que vive de luz! Ainda bem que no almoço ele se redimiu e comeu todo seu prato. Mas também pudera, já passava das 2 da tarde quando resolveu almoçar: arroz, feijão, frango grelhado, vagem, cenoura, tomate, alface, repolho e até beterraba. Fiquei mais tranquila. A tarde o levei pra psicóloga. As sessões de psicoterapia do Gabriel acontecem em 4 horas semanais divididas em dois dias, na segunda-feira e no sábado. Ontem  a sessão foi conturbada. Ele já saiu de casa dizendo que não queria ir.  No caminho dormiu e chegou lá contrariado. A  psicóloga (Cíntia) falou pra eu ir embora e fui. Só ouvi ele chorando e dizendo que queria ir também. Meu coração apertou, mas segui as orientações dela. E como tinha que passar na farmácia homeopática, resolvi fazer isso para preencher o tempo da sessão. Quando voltei pra buscá-lo, ele estava na porta me esperando. A Cíntia disse que não tinha trabalhado com ele por que ele havia batido e a beliscado. E que depois de alguns minutos ele viu que ela estava no computador  e resolveu "obedecer", como se nada tivesse acontecido. Tudo para poder ir pro computador também. Daí ela explicou que as coisas não funcionam na hora que ele bem quer e que sempre vai "perder algo" se não se comportar. Ela pediu para ensinarmos ele a conversar, a expressar os seus sentimentos  quando estiver triste, com raiva ou quando quiser algo. Pediu para falar que os animais é que brigam pra conseguir as coisas, porque eles não sabem falar e que as pessoas não batem nem beliscam e sim conversam para conseguirem algo. Parece que o descontrole dele foi  bem intenso. Quando ele age dessa forma o melhor a fazer é dar um tempo para ele se acalmar. Enfrentá-lo é pior porque parece que ele nem ouve e invariavelmente ele parte para a agressão. É algo incontrolável e impulsivo. Quando não agride, joga o que tiver na frente no chão ou bate as portas. Os vizinhos sabem bem o que é isso. A orientação da psicóloga é ignorar, o que é algumas vezes uma tarefa difícil. Estou tentando me controlar. É um exercício diário de paciência. Deus sabe o que eu e Gustavo sentimos. Tentamos nos revezar, mas chega uma hora que os dois cansam. Mas enfim, no final das contas, vamos nos reunir na quarta para traçar novas estratégias (ou reforçar as que já existem) e tentar estabelecer uma linguagem única, porque eu e Gustavo temos reagido de maneiras diferentes às atitudes dele. Torçam para que a gente consiga melhorar nesse ponto. Depois da sessão quis que o levássemos pra comer sanduíche. Dissemos "não", pois se concordássemos estaríamos premiando seu mau comportamento. Conclusão: fomos jantar em casa.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Comportamentos




Alguns comportamentos do Gabriel estão sendo trabalhados, desconstruídos ou desaprendidos. Alguns vão deixando de acontecer e outros reaparecem do nada. Desde uns 2 anos e meio percebi que o Gabriel brincava de um jeito diferente. Brincava sozinho, sem pedir ajuda, aliás até hoje é muito independente e raramente pede pra brincarmos com ele. Ontem aconteceu algo que há muito tempo ele não fazia: enfileirar brinquedos ou objetos, o que é muito comum em crianças autistas. A brincadeira perde seu sentido principal e o mais importante é o jeito de arrumar, não há outra função. Lembro que ele já fazia muito isso com seus carrinhos. Demorava um tempo para arrumar e a brincadeira era só essa. Os carros não andavam, só ficavam ali uns atrás dos outros. Não havia a fantasia de uma estrada, movimento de andar ou correr, muito menos a imitação do barulho dos motores. Claro, essas coisas acontecem quando a imaginação está presente e no autista essa habilidade é pequena ou até inexistente. Hoje percebo que havia algo já sinalizando nessa época. Mas como não tínhamos a menor idéia disso, passou despercebido. Parece que essa forma de brincar diz respeito a necessidade de se acalmarem colocando seu próprio mundo em ordem ou pelo simples fato de não saberem brincar da forma adequada, utilizando a função correta do brinquedo.  Ele tem brincado bastante com seu Lego do Star Wars, aliás, é sua fixação atual, e me surpreendi com todas as armas dos clones organizadas em uma linha e quando perguntei o porquê disso ele não soube explicar. Atualmente, temos no esforçarmos para interagir mais com ele por meio de bricadeiras de esconde-esconde, massagens, jogos como soletrando, da memória, etc. Sempre ensinando as regras e a forma correta de explorar as brincadeiras. A imaginação está começando a aparecer na invenção de estórias e quando imita o jogo de tênis com raquete e bolas invisíveis. São progressos pequenos mas muito comemorados. Toca aqui garoto!!!


domingo, 4 de abril de 2010

Domingo de Páscoa

Fomos à igreja pela manhã. Gabriel aceitou ir para a aula da escola bíblica depois de eu conversar um pouco (está em adaptação ainda, mas quando está lá não quer sair). Saiu de lá com uma sacolinha cheia de bombons e brinquedos parecida com essas lembrançinhas de aniversário.  Foi um dilema já que estamos evitando doces em geral. Sentimos que quando ele come chocolate, por exemplo, seu comportamento se altera para pior. Risadas sem sentido e agitação são algumas das coisas que notamos. Enfim por esse motivo fiquei aflita, já que na Páscoa tem o gostoso e irresistível ovo de chocolate. Procurei e encontrei um ovo 100% orgânico em uma loja no Águas Claras Shopping. Achei que o sabor não seria agradável, mas me enganei redondamente. Ele comeu de melar os dedos e lamber os beiços, nem lembrou mais da sacola. Ótimo. Ponto para a dieta dos orgânicos. Depois fomos a um almoço na casa de amigos e ele encontrou um amiguinho que há tempos não via. Algumas vezes eles precisaram da mediação de adultos, principalmente quando em situações envolvendo brinquedos ou o ovo de chocolate do amigo. Daí tive que negociar e advogar em prol do orgânico, mas felizmente não ocorreu nenhum atrito. No final estavam até brincando de cabana no meio da sala. Na hora de ir embora teve dificuldade em aceitar que o ovo do amigo não era dele e que não iria levá-lo pra casa, então começou a não escutar a gente, ficou emburrado e não se despediu direito de ninguém porque não aceitou a situação, mas já foi um bom passo já que não bateu nem beliscou ninguém. Ponto pra socialização.



Adaptações na dieta - o início

Hoje acordei determinada a fazer leite de amêndoas. Uma amiga, também mãe de autista, me ensinou a receita. A homeopata recomendou que ele tomasse leite não pasteurizado, então pode ser leite de arroz, de amêndoas ou leite de vaca (criada sem ração). As razões podem ser vistas no www.realmilk.com. Como não tenho uma vaquinha pastando no meu quintal, resolvi apelar primeiramente para amêndoas. Essa amiga minha falou que é mais saboroso e de maior aceitação pela criança. E foi. O Gabriel nem sentiu a diferença. Aliás é muito mais gostoso. É assim: Coloca 8 amêndoas de molho na água de um dia pro outro, de manhã descasca e bate no liquidificador e coa num coador de voal (aqui em Brasília tem no restaurante Girassol, que é um coador que os vegetarianos usam bastante) e pronto. Bati com uma fruta e ele tomou tudo. Maravilha! Fiquei muito feliz. Agora preciso saber como substituir o requeijão porque ele não come um pão sem ele. O pão conseguimos substituir por pão de mandioca, batata ou outro sem glúten. Desses ele não gostou muito até agora, mas um pão de queijo ele não dispensa.

sábado, 3 de abril de 2010

Agradecimentos

Não posso deixar de agradecer a família Formiga por nos ajudar no nascimento do blog. Vocês são especiais pra gente. Nosso brainstorm valeu a pena. Sem esquecer da vovó do Tutu. Camila, obrigada pela sugestão do nome do blog, não poderia ser melhor.

O gatilho inicial

No último final de de semana fomos a uma conferência internacional que aconteceu em Brasília. Foi muito bom porque pudemos aprender mais sobre as condutas atuais de tratamento do autismo. Foram 3 dias escutando profissionais, pesquisadores e cientistas que dedicam suas vidas para ajudar a entender esse enigmático campo de conhecimento. Conhecemos outras famílias e compartilhamos algumas experiências também. Essa parte foi uma das mais importantes porque ter exemplos de sucesso nos motivam e nos fortalecem.  Gabriel teve uma consulta com uma homeopata dos EUA que após uma avaliação, prescreveu remédios homeopáticos para uma infinidade de coisas: agressividade, concentração, socialização, compulsão por roer as unhas e dedos entre outras. A primeira etapa será de preparação do organismo dele, para depois administrar as medicações. Nossa rotina vai mudar um pouco também, pois ela sugeriu uma dieta orgânica, pelos motivos do organismo autista ter dificuldades em se desintoxicar.  Até produtos de higiene pessoal e limpeza da casa teremos que mudar. Tudo pelo saúde do nosso pequeno. Considero esse evento um divisor de águas nas nossas vidas, tanto pela divulgação para muitas pessoas sobre a hipótese diagnóstica do Gabriel (alguns familiares e amigos ainda não sabiam) como da esperança de que melhoras significativas virão se seguirmos um protocolo de tratamento biomédico. Foi ótimo começar o blog com esse post. Tem tudo a ver com RECOMEÇANDO...