terça-feira, 25 de maio de 2010

E na escola?

Apesar dos progressos diários do Gabriel ainda temos nos deparado com algumas pequenas dificuldades na escola. As duas principais questões são as atividades, que ele as vezes não desenvolve até o final, e os desentendimentos com os colegas, em razão da falta de habilidade em se comunicar.

Felizmente Deus nos presenteou com a professora Ana Maria que tem sido excelente em perceber a personalidade e as diferenças do Gabriel em relação às crianças neurotípicas e o ajuda muito a se manter equilibrado e interessado no dia-a-dia em sala de aula. Segundo ela, ele já está lendo algumas coisas sem qualquer ajuda e tem acompanhado a turma sem problemas, exceto pelas atividades deixadas pela metade. Já aquelas das quais ele gosta, ele realiza até o final e são, algumas vezes, concluídas rapidamente, exigindo que ela esteja sempre atenta e dê exercícios complementares para que ele não se desinteresse na aula. A professora chegou a comentar que as outras crianças as vezes se admiram ao vê-lo lendo e comentam: - Tia, o Gabriel tá lendo?

Por outro lado quando ele emperra, e rejeita a tarefa, não tem santo que faça ele se concentrar naquilo. Mas a Ana Maria tem tirado de letra e foge dos conflitos deixando o ambiente tranquilo e aguardando que ele se interesse por conta própria.

Outra pessoa que tem papel especial na escola é a Tatiana. Ela é o braço direito da Ana Maria e dá muito suporte ao Gabriel quando ele precisa se relacionar com os colegas, além de cuidar dele na hora da saída. As vezes ele quer pedir algo ao colega e diz a ela: - Tia, eu quero pedir. Então ela diz a ele: - Então fala para o colega, eu quero a sua pecinha (por exemplo), você pode me emprestar? Ele repete e consegue interagir sem perder a paciência.

Isso sem falar nos outros professores e na coordenação que sempre têm prestado muita atenção e compreendido o nosso garotão.

Depois de um ano extremamente conturbado e tenso em 2009, hoje percebemos que acertamos ao mantê-lo na mesma escola após o diagnóstico. Graças a esta equipe nota dez, as semanas estão passando de maneira mais tranquila e com mais passos para frente do que para trás.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Hino Nacional e Um anjo do céu

Na escola, todas as sextas, acontece às 7 da manhã, a hora cívica, onde todos os alunos cantam o hino nacional enquanto a bandeira é hasteada.  Só que é muito raro o Gabriel chegar nesse horário, já que por orientação da psicóloga é preciso evitar situações de enfrentamento. E cumprir horário é sinônimo de conflitos. Essa abordagem evita que ele se estresse e se irrite e assim evita-se também as agressões. Por isso de manhã, aqui em casa tudo acontece em câmera lenta. Tudo para o dia começar bem e pra cima.  Na semana passada conseguimos a muito custo, chegar durante o hasteamento da bandeira e qual foi a nossa surpresa ao ver nosso garoto cantando o refrão do hino cheio de orgulho e com o sorrisão no rosto! Ehehe adorei! Muito lindo! Fiquei toda orgulhosa. Ainda bem que a copa está chegando, assim ele vai ter mais oportunidades de treinar as outras partes do hino. Coloco uma foto dele na última Copa. Ele e sua alergia a picada de insetos.



E por falar em cantar, no último domingo teve a apresentação da pré-instrumentalização. Em ano de comemoração dos 50 anos de Brasília, todas as músicas apresentadas eram de cantores daqui. A música da turma do Gabriel foi "Um anjo do céu"do Maskavo.  Chegamos no auditório e ele logo disse que não iria cantar, chorou um pouco e decidimos ficar mesmo que ele não cantasse. As crianças foram se acomodando sentadas na lateral do palco até que chegasse a sua vez. Estrategicamente me sentei na primeira fila na lateral também e aos poucos ele foi sentando perto delas, mas ainda dizia que não iria cantar. Daí parti pra negociação pesada: Ou canta ou não vai ter video game. Será que fui muito cruel? Mas parece que deu certo. No video vocês podem ver a performance do garoto. Percebam no final o seu desabafo de superação. Nem precisa dizer que chorei durante a apresentação. O Gustavo idem. Pena que o primo Tito dormiu e não pôde curtir, mas a vovó Solange representou a família. Espero que gostem.




quinta-feira, 20 de maio de 2010

....sobre estrelas


Na semana passada, os dias foram meio tensos por causa do pedido da escola para não atrasar. Até sugeri a minha chefia de sair 10 minutos mais cedo, mas fica difícil porque daí toda a equipe teria que chegar mais cedo para sair mais cedo também. Então continuei a fazer treinamento para trem bala ao sair do trabalho. Corro o máximo possível e consigo chegar lá uns 10 ou 12 minutos depois que ele sai de sala. Parece que não ocorreu maiores problemas e nenhuma reclamação de outros pais. Menos mal. A professora Ana começou uma estratégia de dar uma estrelinha para os alunos quando eles se comportam bem durante o período de aula. Na sexta quando fui buscá-lo ele estava desolado e chorou muito ao me falar que não havia ganhado a estrela. Conversei muito com ele durante o fim-de-semana e disse que ele deveria se comportar, não bater, nem beliscar ninguém para poder ganhar o prêmio. Na segunda tudo se repetiu. Ficou desolado de novo. Conversamos mais ainda e finalmente na terça ele ganhou a estrela. Ele ficou simplesmente extasiado de felicidade. Acho que ninguém tem a idéia da sua felicidade, mesmo que eu explique. E falava e repetia "Eu se comportei, eu se comportei"para todos que encontrava sobre seu bom comportamento. Mas na sexta foi uma lástima. A regra era a cada 5 estrelas recebidas a professora daria uma lembrança, então na sexta ela fez o balanço da semana. Como em 3 dias ele não ganhou, ele não conseguiu juntar as 5, então ele ficou triste novamente por não ganhar a lembrancinha. Repetiu isso a tarde toda. Não importa o que acontecesse ele ficava martelando a mesma frase: "Eu tô muito triste, porque não ganhei a lembrancinha". Fico na dúvida se ele realmente entende o que precisa fazer para se comportar melhor ou se ele não consegue se controlar na hora do conflito com as outras crianças. Independente disso continuamos trabalhando o comportamento dele quando está triste ou com raiva de algo. Dizemos que ele deve se afastar e ficar sozinho até se acalmar. Que bater ou beliscar não vai resolver nada. Tentar conversar ao invés de bater as portas. Enfim sabemos que isso leva tempo, mas ele já está bem melhor do que há um ano atrás e está se esforçando para isso também.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Dia das mães


Sei que o dia das mães já passou, mas como estou colocando o papo em dia, vamos lá.
Fomos à igreja e o nosso rapazinho se comportou muitíssimo bem. Na escola bíblica prestou atenção à historinha e fez a atividade do seu jeito, é claro, entrando e saindo da sala o tempo todo. No final do culto até cantou lá na frente em homenagem às mães. Fiquei toda orgulhosa de vê-lo ali. Me fez lembrar da época quando eu tinha sua idade e também fazia as apresentações no altar, cantando ou recitando um verso. Me emocionei muito!! Agradeci a Deus por tantas coisas: por nos dar forças e nos ajudar a superar as horas difíceis. Pela evolução no seu tratamento e por estarmos unidos, independente da intensidade dos problemas. Por nos ensinar a sermos perseverantes naquilo que acreditamos ser o melhor para o nosso filho. Agradeci mais uma vez pelo presente e pelo privilégio de ser mãe do Gabriel, pelo crescimento pessoal e espiritual que tenho vivido a partir da experiência de ser mãe dele. Por me dar a oportunidade de ver o crescimento do meu filho dentro de um lar cristão e participando do Seu trabalho também. Há muito tempo gostaria de ter dado esse testemunho, que para mim é como uma forma de agradecimento por tudo o que Deus tem feito em minha vida. Como Ele diz em Sua Palavra: "como o barro na mão do oleiro, assim sois vós nas minhas mãos". Jeremias 18. 6. Esse versículo vem forte em minha mente quando penso no que acontece comigo atualmente, porque Ele continua me moldando com Suas próprias mãos, as vezes Seu apertar é dolorido, me moldando e ajeitando aqui e ali, mas sei que Sua intenção é me tornar um vaso melhor. Um vaso para SERVIR. Servir a Ele acima de tudo e servir as pessoas ao meu redor, como amiga, irmã, filha, esposa e mãe. 

Não poderia esquecer de agradecer a minha mãe por tudo o que fez e tem feito por mim. Quando me tornei mãe, passei a dar mais valor à ela, passei a sentir o quanto é emocionante e prazeroso dar amor sem querer nada de volta. As renúncias e os sacrifícios passam a não ter valor diante da felicidade e do sorriso de um filho. E isso ela fez por mim. Obrigada mãe pelo seu amor e dedicação. Espero ser uma mãe tão dedicada quanto você e também espero ser uma filha melhor para retribuir o que você fez por mim.


Não posso esquecer de falar também das mães de autistas que conheço, as mulheres-maravilha espalhadas por esse Brasil. Parabéns pela força e empenho! Deixo uma mensagem de uma amiga minha de infância, que retrata perfeitamente nosso dia-a-dia de luta e esperança. Sempre gostei muito desse relato e quando soube do diagnóstico do Gabriel consegui entender exatamente o que ela quis dizer. 

Maria Clara me transforma... me ensina a ter perseverança, a não desistir nunca! Me ensina também que há momentos que preciso ceder e muito! Ensina que chorar é apenas mais um ato para reunir forças e começar tudo de novo! E principalmente, me mostrou que como mãe devo apenas aceitá-la incondicionalmente, pois no fundo, bem lá no fundo sei que ela está dando o seu melhor! Afinal, vivemos intensamente um dia de cada vez. Cada conquista é uma grande vitória assim como cada regressão nos faz baixar a cabeça... mas aí é só olhar para ela e ver que tudo vale a pena e que jamais seria a mulher que sou hoje, se minha filha não estivesse em minha vida exatamente do jeitinho como ela é : uma autista perfeita! 

Parabéns Luciana pela força e sabedoria. Sempre te admirei. Espero um dia te reencontrar.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Tantas coisas aconteceram

Nas últimas 2 semanas não tive muito tempo para atualizar o blog, por isso me perdoem o excesso de informações. Estou passando por um período profissional atarefado e com muitas decisões importantes para tomar. Mas tudo está se endireitando agora e hoje tive uma folguinha pra falar sobre o nosso rapazinho. Até porque se eu não escrever vou acabar esquecendo de marcar alguma evolução dele.

Há 2 semanas, tivemos o aniversário da Luísa, uma amiga especial do Gabriel, tão especial que ele foi escolhido como o sujeito do tal "Com quem será...". Ele deu um sorriso maroto na hora que parece ter gostado da idéia. Só o pai dela que não. Que pai de menina que gosta? E como qualquer festa não poderia faltar, é claro, os docinhos, só não esperávamos ver o Gabriel abocanhando um brigadeiro inteiro, já que ele nunca foi chegado em doces. Para nossa surpresa o saldo final foi de 5 bolinhas. Definitivamente, a dieta foi pro espaço nesse dia. Até que tínhamos levado o almoço dele como manda o figurino, mas não pensamos na sobremesa, daí já viu. Fora isso, a festa foi muito divertida. A criançada aproveitou a piscina do clube, o lago, o parquinho e a natureza.  Gabriel até subiu numa das árvores. Foi um dia muito legal, onde ele teve a oportunidade de interagir com outras crianças fora do seu convívio.





No mesmo final de semana, tivemos a passagem meteórica do Tio-padrinho Doca. Anteontem, o Gabriel falou espontaneamente: "Estou com saudade do Tio Doca". Achei muito fofo. O que me diz que ele está mais atento à distância da família que não mora por aqui.  Isso é uma grande evolução. Por favor, family,  venham mais vezes pra cá. Ontem quase teve um treco de felicidade ao ver a vovó Solange que chegou de Fortaleza. É muito legal vê-lo feliz ao ter sua família por perto. Em seguida, fotos da desenvoltura do tio Doca.




Durante a semana tudo estava indo bem até que a coordenação da escola me pediu que não atrasasse na hora da saída, pois ele estava tendo problemas com as crianças de outras turmas (quando eles saem da sala todas as turmas da Ed. Infantil se misturam), mesmo tendo monitores pra cuidar das crianças nesse período. Daí tem criança maiores e menores que ele. Como ele tem dificuldades de iniciar uma brincadeira as outras crianças não o entendem, então o conflito está armado. Seja por um brinquedo, seja por um tropeço na hora de correr, o resultado é um beliscão aqui, um arranhão ali.  O pior é que não consigo chegar ao meio-dia porque nessa hora tenho que registrar minhas digitais no ponto eletrônico. Fiquei estressada e até pensamos em tirá-lo da escola, mas pensamos melhor e achamos que o fato de tirá-lo da sua rotina seria um estupidez. Mas quem acaba nervosa sou eu, porque tenho que fazer meu trajeto de saída do trabalho correndo feito uma louca. O trânsito que me perdoe. Vou tentar até onde der.

No dia 08, fomos ao niver da Lara, outra amiga especial do Gabriel. Ela é da turma da pré-instrumentalização do projeto Música para crianças da UNB. Eles são colegas de turma há quase 3 anos desde a época da musicalização. A Lara é a responsável por encorajar o Gabriel nas apresentações em público. Sem dúvida ela é um bom exemplo e uma ótima influência pra ele. Na festinha não se desgrudaram e ele ficou encantado com ela fantasiada de Branca de Neve. Ele queria sua fantasia do Ben 10, tentou forçar a barra, mas logo logo esqueceu e aproveitou bastante o pula-pula e cama elástica. Aliás, sua desenvoltura na cama elástica melhorou bastante, agora já consegue abrir as pernas no ar. Outra coisa que notei é que ele ainda continua tendo muitas dificuldades para iniciar uma conversa com outras crianças, mas tenho me esforçado para tentar mediar e servir de ponte para um diálogo.  Pode parecer piegas, mas a estrada é longa.